Julia Lund teve uma boa surpresa. A atriz, que vive a contida Hannah em "Caras & Bocas", não esperava que sua personagem fosse crescer na trama das 19 horas da Globo. Depois de se desiludir com Benjamin, personagem de Sidney Sampaio, a judia acaba apaixonada pelo desastrado Vicente, de Henry Castelli. Mas, como o rapaz não é judeu, ela terá de passar por poucas e boas para poder viver seu romance em paz. "Eu tive um bom retorno do autor e da direção. Mas isso também aconteceu porque a novela foi estendida, dando assim mais espaço para os personagens que não fazem parte do núcleo principal", justifica ela sobre o folhetim de Walcyr Carrasco, que agora vai até janeiro de 2010.
Para viver a judia, Julia precisou se esforçar menos do que imaginava. Apesar de conhecer um pouco a cultura judaica, ela deu muito de sua personalidade para Hannah. "Eu sou romântica e não tenho coragem de passar por cima dos outros para conseguir o que quero", compara ela, que foi orientada por um rabino sobre detalhes da religião e sobre a postura que as mulheres judaicas devem ter. "Fui em algumas sinagogas e comemorei alguns feriados com judeus. Também me inspirei em amigos que são religiosos", conta.
Esse é o primeiro trabalho de Julia em uma novela brasileira. Antes, a atriz esteve em "Minha Terra Minha Mãe", escrita por Margareth Boury. Embora a produção tenha sido realizada no Brasil, o folhetim foi idealizado e co-produzido pela emissora angolana TPA, que exibiu a trama no início de 2009. "Foi complicado lidar com a falta de retorno do trabalho. Gravamos tudo antes para depois ser exibido, e isso acabou prejudicando minha construção da personagem", confessa ela, que vivia a vilã Karina, personagem que formava um triângulo amoroso com os protagonistas da trama. "Era uma vilã completamente amoral. Ela era tão má que acabou morrendo igual às bruxas de contos de fada: envenenada", lembra.
Para viver a vilã em seu primeiro trabalho na tevê, Julia se focou na composição. A atriz se inspirou em antagonistas famosos da dramaturgia, como a Nazaré, pérfida personagem de Renata Sorrah em "Senhora do Destino". "Confesso que quando vi a atuação dela, acabei ficando mais nervosa. Ela fez uma vilã maravilhosa e, é impossível não imaginar se eu conseguiria", assume. Apesar de se cobrar muito durante seus trabalhos, Julia tem procurado não ser tão exigente. "O Jorge Fernando falou que o ator tem mania de sair do estúdio com a sensação de que nunca fez o melhor, mesmo tendo dado o que podia, e que isso é uma besteira. Estou tentando levar desse jeito", conta ela, referindo-se ao diretor de "Caras & Bocas".
Agora, Julia precisa conciliar o aumento de dias de gravação com a divulgação do filme "Afetosecretos", da psicanalista e artista plástica Graça Pizá. O longa conta a história de uma menina, vivida pela atriz, que sofreu abusos sexuais de seu pai na infância, e que depois de adulta começa a ter pesadelos. "É uma trama pesada, mas que a Graça resolveu abordar de uma maneira diferente para que as pessoas conseguissem assistir ao filme todo. A história em si é repugnante", opina ela sobre o longa, que teve uma filmagem inusitada. É que as cenas foram rodadas dentro de uma bolha de plástico, com atores usando máscaras também de plástico. "Quando assisti pela primeira vez, achei que o público ia rejeitar. Depois entendi que esse distanciamento possibilita que o telespectador consiga ver o filme com um olhar mais sensível", acredita.
"Não tenho coragem de passar por cima dos outros para conseguir o que quero", diz Julia Lund a Hannah de "Caras & Bocas"
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yasmim
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segunda-feira, 14 de setembro de 2009
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