Wagner Santisteban busca referências na bisavó muda para seu papel em "Caras & Bocas"

| quinta-feira, 2 de julho de 2009

Quando buscou referências para compor o Anselmo de "Caras e Bocas", Wagner Santisteban foi fundo. O ator não limitou-se à velha fórmula "filmes, livros e laboratório". Vasculhou a história da própria família e descobriu algo interessante. Sua bisavó era muda, e assim permaneceu a vida inteira. A informação foi preciosa para ajudar a despertar nele as referências necessárias para o personagem, loucamente apaixonado por uma cega, Anita (Danieli Haloten), na trama de Walcyr Carrasco. "Apesar de ser um outro tipo de deficiência, é uma referência na minha própria vida", observa.

WAGNER SANTISTEBAN VASCULHA HISTÓRIA DA FAMÍLIA COMO REFERÊNCIA

  • Luiza Dantas/CZN

    O ator descobriu que sua bisavó era muda e se inspira na história dela para compor Anselmo, um garçom loucamente apaixonado por uma mulher cega

Na história, Anselmo é garçom de um restaurante. Perdidamente apaixonado por Anita, ele tomou coragem e declarou-se para a moça, mas sem revelar sua verdadeira profissão. Disposto a tudo para conquistá-la, ele inventou ser um rico empresário e assim foi levando a mentira, enquanto o casal fazia de tudo para driblar a "marcação cerrada" de Gabriel (Malvino Salvador), o ciumento irmão da florista.

Mas Gabriel descobre o envolvimento dos dois e Anselmo rapidamente pede a moça em casamento. O problema é que a esperta e tagarela Ada (Amanda Azevedo), deixa escapar, durante o jantar de noivado, que Anselmo é garçom. É o bastante para deixar Anita - e toda sua família - profundamente decepcionadas. "Ele se mata para conseguir dinheiro, mas é uma coisa ingênua. Não há maldade nas mentiras dele", defende.

O ator de 26 anos confessa que não está sendo nada fácil viver o papel. Afinal, na TV, um veículo onde o olhar é essencial, o ator tem de utilizar outros meios para convencer ao contracenar com Danieli. O toque, a respiração e a "troca" em cena com a atriz, que realmente é cega, acabam sendo os maiores trunfos na atuação. "Tenho de desenvolver meus outros sentidos, até para que ela interaja comigo de uma maneira interessante", avalia ele, que se inspirou - por indicação do autor - no personagem de Charles Chaplin no filme "Luzes da Cidade". "Estou aprendendo a me entregar, a ter maturidade. É bom fazer coisas diferentes, sair da mediocridade", pontua.

Outro papel que o paulistano destaca como um dos mais difíceis que já viveu é o Basílio, do seriado "Sandy e Júnior", exibido pela Globo entre 1999 e 2003. "Andava de um jeito diferente, tive de engordar, falava com sotaque, usava aparelho dos dentes... Esse me deu trabalho", recorda, aos risos, o veterano, que já contabiliza 20 anos de carreira.

Wagner começou fazendo campanhas publicitárias aos 5 anos. Aos 8, fez sua primeira novela, "Éramos Seis", do SBT. Outro papel de destaque foi o Download, das temporadas de 2005 e 2006 de "Malhação" e o Lineu jovem de "A Grande Família - O Filme". "Desde que entrei na Globo, tenho feito mais personagens cômicos. Os sérios foram mais comuns na minha infância", compara.

Justamente por estar há tanto tempo na profissão, Wagner é um rosto conhecido do grande público. Mas ainda se espanta como a abordagem varia de um papel para outro. Com o Anselmo, a repercussão é das mais amáveis. "Todos me olham de uma maneira como se eu fosse bonzinho. É legal isso, mas não pretendo gerar pena", pondera, acrescentando a importância social de um personagem como o seu. "Essa realidade toca muito o público também. Esse romantismo não é mais comum tanto em novelas como na própria vida. É uma forma de rever valores", acredita.

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