Um homem sensível, pai de família, responsável e pintor de telas delicadas. A descrição não combina com os últimos papéis na carreira televisiva de Marcos Pasquim. Depois de encarnar um rol de personagens viris - em sua maioria, "descamisados" criados em série por Carlos Lombardi -, o ator de 40 anos reconhece e anima-se com a mudança de escalação que o levou ao Denis de "Caras & Bocas". "Claro que ainda tenho cenas engraçadas, mas é diferente. Ele é mais sério, mais sofrido, é um paizão. Já não estou tirando mais a camisa, acho um ganho bacana", brinca, bem-humorado.
MARCOS PASQUIM COMEMORA PAPEL "DESCAMISADO" NA TV
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Ator diz ser adepto do Sistema Stanislavski de interpretação, que usa memórias emocionais para dar mais realismo as cenas
Mesmo sem ter virado presença constante em museus e galerias, a relação mais próxima com o mundo de quadros e pincéis fez com que o ator se interessasse mais pelo assunto. Depois de assistir ao filme "Pollock", sobre o pintor norte-americano Jackson Pollock, Marcos diz que, vez ou outra, surge uma vontade de testar seu talento "plástico". "Adorei o filme e o cara é incrível! Tenho vontade de fazer algo nesse estilo: jogar a tela no chão e deixar a tinta cair, sem passar pincel. Gostei muito disso", empolga-se.
Outro motivo de comemoração com o novo trabalho tem sido a oportunidade de estar em uma produção com ritmo menos acelerado. Acostumado a correr, pular e brigar nas novelas e, mais recentemente, no seriado "Guerra & Paz", Marcos diz que está bem satisfeito com as gravações "normais" do folhetim de Walcyr Carrasco. "Está sendo uma adaptação, mas é um clima mais calmo e mais à vontade. E estou gostando. Até na atuação facilita, porque a gente chega mais preparado", explica.
Segundo o ator, o ritmo muito veloz das tramas de Lombardi exige atores em boa forma. Não só pela permanente exposição de seus corpos, mas também para dar conta das cenas de ação. "Os personagens dele são muito viris: você tem de correr muito, pular muito, brigar muito e, além de tudo, você tem de falar muito. Tem de ter fôlego. Se você não estiver preparado fisicamente, não consegue", argumenta.
E para provar que leva a interpretação a sério, Marcos se declara adepto do incensado Sistema Stanislavski - método criado pelo ator, diretor, pedagogo e escritor russo Constantin Stanislavski no final do Século XIX e que estimula os atores a lançar mão de suas memórias emocionais para uma interpretação realista das cenas. "Uso muito a intuição e tento sentir o que o personagem está sentindo naquele momento. Stanislavski é por aí", resume, com seu jeito agitado e cheio de ginga.
Para o ator, algo que o ajuda bastante a se identificar com o método é a longa lista de atividades profissionais que ele carrega no currículo. Jogador de vôlei na adolescência, o ator já foi também office-boy, programador de computador, auxiliar de escritório e até apontador do jogo do bicho. "Fiz muita coisa na vida, graças a Deus. E aí vem Stanislavski: puxo pela memória as coisas que já vivi e uso para os meus personagens. Quanto mais bagagem, melhor para o ator", defende ele, que pensa em se tornar diretor de cinema depois da experiência como co-diretor de dois curtas-metragens - ambos parte de uma trilogia intitulada "CD Player". Ir para trás das câmaras na TV, porém, não está nos planos de Marcos, pelo menos por enquanto. "Acho que é muito cedo para pensar nisso. Por enquanto, quero ficar com os meus curtinhas, aprendendo", garante.
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