Atriz relata os dias que passou gravando a novela Caras & Bocas na África do Sul e a saudade que sentiu da filha e do marido
Do alto de um elefante, Flávia Alessandra, 34 anos, se viu em uma situação insólita: o animal, conduzido por um guia, desviou da trilha programada e entrou na selva adentro, sem controle. No meio da densa vegetação, surgiu um enxame de abelhas. Desesperada, a atriz gritou apavorada. ''Foi uma coisa louca. Em inglês, dizia que ia me jogar do elefante. E eles morriam de rir'', lembra Flávia, que passou 11 dias na África do Sul gravando cenas da novela Caras & Bocas - na nova trama de Walcyr Carrasco, ela é a protagonista Dafne, uma moça rica, cujo avô é dono de uma empresa de extração de diamantes.
Salva do elefante e das abelhas, difícil mesmo foi superar a distância da filha, Giulia, 9, e do marido, Otaviano Costa, 35. ''Não me lembro quando foi a última vez em que viajei sozinha para tão longe. Eu ligava bastante e ainda não recebi esta conta do celular! Queria ouvir a voz da Jujuba'', lembra ela falando sobre a filha.
Casada há dois anos e meio com o ator - que também faz parte do elenco da trama - a atriz valoriza a parceria. ''Otaviano segurou a peteca para mim durante esse tempo em que estive fora do país, trabalhando. Adoro que tome as rédeas da minha vida. Não tenho nada contra isso, pelo contrário'', afirma. A seguir, a atriz fala de sua relação familiar, do projeto de engravidar - adiado mais uma vez, com a nova novela - e de sua estreia em solo africano.
Mama África
''Foi a primeira vez em que eu fui à África. Adoro conhecer culturas e lugares. A gente chegou por Johanesburgo, um dos locais que sediará a Copa do Mundo de 2010 e que é impressionantemente desenvolvida. A cidade tem um mix da arrumação do sul do Brasil com as boas estradas de São Paulo e zonas pobres ou de favelização.''
Riquezas são diferenças
''Ainda se vê lá o lado triste. O apartheid (o regime de segregação racial vigente entre 1948 e 1990, que tirou direitos civis e políticos da população negra) terminou, mas os negros continuam pobres. Todos. A maioria não morava nos lugares onde a gente gravou porque são pontos turísticos. Eles viviam a dois dias e meio de ônibus dali. Estavam lá para ganhar melhor. O dinheiro deles não vale nada. Os 1,5 mil randes que recebem equivalem a 250 dólares (cerca de 540 reais). É o salário deles. Você se vê num hotel de luxo como aquele e só encontra negro servindo. Fui a uma loja popular e, quando olhei em volta, eu era a única branca.''
Selvagens domesticados
''Existe aquela imagem fofa do elefante, mas ele pode jogar longe uma pessoa. No Santuário dos Elefantes, eles são criados para passear com os humanos e são respeitados. Em um zoológico, trabalhamos com outros animais também acostumados ao convívio social. Soltavam os bichos e falavam: 'Olhem os guinus, virem para cá, as zebras estão vindo de lá'. Eu não tive medo. Mas, de repente, ouvi alguém dizendo: 'Sai, sai'. Quando vi, estava debaixo de uma girafa e, para quem não sabe, ela é o único animal que, com uma patada, mata um leão. Eu só pensei: 'Caraca' (risos).''
Saudade no celular
''Eu senti muita falta de meu marido e de minha filha. No começo, eles iam comigo. Mas Otaviano tinha dois eventos para fazer e, quando eu soube que ia gravar todos os dias, vi que ia ser um 'programa de índio' para a Jujuba. Fiquei destruída. É difícil eu estar 100% com ela no dia-adia. E, numa viagem, eu posso estar. Como é para ser um momento nosso, prefiro não levar babá. A primeira que fizemos foi para os Estados Unidos e confesso que me bateu medo. Ela mal falava e eu pensava: E se acontecer alguma coisa comigo? E se a pressão baixar e eu desmaiar?' Então, pendurei um crachá com meus contatos por baixo da roupa dela!''
Torcida contra
''Giulia me cobra. Ela diz: 'Mãe, você está trabalhando muito'. Quando era menor, se uma pessoa perguntasse se queria ser atriz, ela respondia: 'Claro que não. Para trabalhar como louca?' (risos). Agora, ela está num dilema porque quer fazer teatro. Eu digo que em qualquer profissão se trabalha muito. Aí, ela responde: 'Mas tomara que não tenha muito sucesso'. Quando fiz Alzira (na novela Duas Caras), eu disse que só ia gravar uma vez ou outra. Ela achou ótimo. Mas a personagem começou a esquentar e ela falou: 'É, mãe, acho que Alzira está sendo um sucesso'. É a única que torce contra (risos)!''
Padrasto amigo
''Jujuba só ganhou com a chegada de Otaviano. É um pai que entende de computador, que baixa o programa que ela quer. Hoje, se tem algum problema, ela chama pelo Tiano. Ele é louco por jogos. Quando vejo, estão lá se divertindo. Acho que a única hora em que houve uma estremecida foi quando ela viu que tinha uma figura masculina em casa educando-a também. Afinal, eu me separei (do ator e diretor Marcos Paulo, 58) quando Giulia tinha 1 ano.''
Garota compromissada
''Durante a viagem, para animar, a gente levantava questões polêmicas. Uma vez, falamos sobre fidelidade: quando ser fiel ou não. Aí, alguém disse que é da natureza do homem a necessidade de fazer sexo. Ah, não me venha com esse papo. É da natureza, no sentido homem e mulher, né? Mas você se segura porque tem um compromisso.''
Outro filho, quem sabe
''A culpa por não engravidar não é das novelas. É minha. Eu é que sou doida (risos). Quando acabou Duas Caras, pensamos se teríamos ou não um filho. Aí, veio o convite para Caras & Bocas e foi muito bom. Acho que, quando acabar a novela, a gente vai ter um filho. Entre nós, tudo aconteceu muito rápido. Ter um filho muda muito a vida de um casal.''
Mais relax
''Otaviano deu um toque de displicência na minha vida. E eu tinha de relaxar mesmo. Sou filha de militar. Então, queria tudo organizado, as contas para pagar, os documentos... Eu nunca perdi uma chave de casa! Nem celular, óculos. Isso tudo Otaviano já perdeu (risos) no tempo em que estamos juntos. No início, eu achava que ele não podia ser assim. Mas estava errada. É bom que eu seja mais assim também. Uma vez, a gente ia embarcar para Cuiabá e ele esqueceu os documentos. Eu fui com a minha família e ele, depois. Meu pai fica enlouquecido com isso. Mas eu digo: 'Papai, ele é assim'. Acredito muito pouco em mudar uma pessoa. A gente tem de se adaptar. Casar é para sempre. A gente já combinou: 'Vamos ficar juntos só por desaforo (risos)'.''
Olho na balança
''Acho maravilhosa a casa dos 30 anos. Mas voa! A única coisa que fica mais difícil é emagrecer. Ainda bem que eu comi bastante até os 30. Eu me vejo melhor em tudo, menos na balança. Já nasci com bumbum e coxa, não tem jeito. É bom ter, mas eu tenho de verdade (risos)! Falo para a mamãe que eu não sei a quem eu puxei. Eu me controlo porque, se bobear, viro a boazuda num estalar de dedos. E não acho bonito.''
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