"Sempre fiz comédia inteligente", diz David Lucas, 14, o Espeto de "Caras e Bocas"

| sexta-feira, 5 de junho de 2009

Esperto, falante e perspicaz, David Lucas deixa claro a razão que o fez viver tantos personagens precoces. O intérprete do Espeto de "Caras e Bocas" é do tipo que faz piada, brinca e responde qualquer pergunta com ares de maturidade, do alto de seus 14 anos. "Eu sou muito debochado, tenho de parar com isso...", reconhece. Um bom exemplo é sua resposta sobre contracenar com atores mais experientes na novela, como Marcos Pasquim, por exemplo, que interpreta Denis, seu pai. "Ah, o Pasquim é um gato... Brincadeira!", diverte-se.

DAVID LUCAS FALA DE SEU TRABALHO NA NOVELA "CARAS E BOCAS"

  • Luiza Dantas/Carta Z Notícias
A mesma desenvoltura é percebida no personagem. Na trama de Walcyr Carrasco, o menino foi o responsável por tirar o pai, um pintor quase falido, do sufoco. E de uma forma nada ortodoxa: ao perceber o "dom" da pintura em Xico, um chimpanzé, ele incentivou o macaco a pintar algumas telas, tidas por profissionais como verdadeiras obras de arte. Resultado: grana no bolso e as contas em dia. "É um personagem sensacional. Só fico com pena de não contracenar com o macaco. Não posso, por questões de segurança", lamenta ele, referindo-se ao uso de um dublê do animal nas cenas com Espeto.

Filho da atriz Denise Peixoto, David cresceu entre coxias e plateias de teatro. Encantado desde sempre com tal universo, aos sete anos foi assistir a uma peça de teatro da irmã quando a diretora do espetáculo perguntou se ele gostaria de participar de uma montagem. O menino não hesitou, fez três peças e, dali para a tevê, foi um pulo. Ao entrar em uma agência de atores, logo foi convocado - e aprovado - no teste para a microssérie "O Pequeno Alquimista", na Globo, em 2004, seu primeiro trabalho na tevê. "Desde que comecei, fiz uma coisa atrás da outra, graças a Deus", pontua.

E fez mesmo. No ano seguinte, David atuou em sua primeira novela, "Alma Gêmea", também de Walcyr Carrasco. Depois, participou do especial de fim de ano da Globo "Papai Noel Existe" e em 2007 se destacou no seriado "Minha Nada Mole Vida", na pele do também esperto Hélio, filho do protagonista Jorge Horácio, vivido por Luiz Fernando Guimarães. Em 2008, foi a vez de viver o Hugo em "Beleza Pura", um menino que sofria de uma doença respiratória. Por aí, é possível perceber que o currículo do ator é bem extenso, apesar de sua pouca idade. "Não sei se comédia é mesmo mais difícil que drama... Porque sempre fiz comédia inteligente e não pastelão", gaba-se.

Mas tanto trabalho não atrapalhou a infância de David. Pelo menos é o que ele - e seus joelhos ralados - garantem. "Sou uma criança danada e procuro ser. Nunca deixei e não deixo de fazer nada. O trabalho não me atrapalha", jura ele, apaixonado por esportes radicais - apesar do medo de altura. "Tendo chão para cair, tranquilo. O problema é um paraquedas, por exemplo. Se der errado, bateu no chão, morreu. Aí eu não me arrisco", brinca.

De qualquer forma, David já percebeu que nem tudo são flores na carreira que escolheu. "Não gosto quando as pessoas me julgam antes de me conhecer. Já aconteceu algumas vezes e não é legal", pondera. Já a chance de improvisar, muito comum na comédia, sua linha favorita de interpretação, é apontada por ele como o grande barato da carreira. "Todo trabalho tem as partes boas e as ruins. A gente tem de se adequar", ensina.

Apesar de apontar a atuação como a "principal" carreira a seguir, David fala de suas outras paixões: a veterinária e a biologia. "Sou fascinado por bichos. Répteis, então... Adoraria fazer umas dessas faculdades, mas anatomia não é comigo. Não tenho estômago para isso", avisa.

Por isso, o ator nascido em Nova Friburgo, região serrana do Rio de Janeiro, deve optar por um caminho bem menos orgânico: a informática. "Adoro tudo relacionado à tecnologia. É importante ter uma profissão paralela, outro projeto de vida. É outra opção de emprego", diz ele, enumerando seus sonhos. "Desde pequeno quero ter um escritório. Uma sala minha, com mesa e computador. Ah, e um carro tunado", conta, aos risos, o estudante da oitava série do Ensino Fundamental.

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